segunda-feira, 18 de abril de 2011

17 de abril aniversário de 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás

Ativistas da ANEL no memorial das 19 castanheiras/Eldorado dos Carajás
Esse ano completa 15 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, um verdadeiro marco na história da luta camponesa. A região Sudeste do Pará é conhecida internacionalmente pela sua riqueza mineral, como também cenário de vários massacres que ocorreram e que segue sem justiça. A classe trabalhadora sem terra há anos vem travando conflitos com multinacionais e os grandes latifúndios, resultado desse conflito é a morte de vários camponeses que foram sucumbidos pelo grande capital, sendo o caso mais emblemático a morte de 19 trabalhadores em 1996.
      
ANEL participando da Marcha na PA
A ANEL-Marabá que dirige o Diretório Acadêmico José de Ribamar-UFPA organizou uma viagem para Eldorado dos Carajás que fica a mais de 200 km de Marabá, com intuito de presta sua solidariedade a esses trabalhadores que tanto sofrem o abandono do Estado por falta de políticas públicas e incentivos financeiros. Como de costume o MST organizou a Semana Camponesa que se inicia no dia 10 de Abril e termina no dia 17, um dos militantes da ANEL Diego Uchôa participou de todo o evento,  e ele afirma: “Esses dias pude vivenciar de perto a luta pela terra, ao mesmo tempo em que via a alegria desse povo tão sofrido senti também a tristeza e o abandono que tem por parte dos governantes.”
  
A tradicional marcha do PA - Projeto de Assentamento 17 de abril a curva do “S” palco do massacre contou com a participação de 500 pessoas, que percorreram aproximadamente 30 km, a qual no final teve a celebração de um culto ecumênico e falas políticas, a qual a ANEL foi convidada para saudar a multidão que estava aglomerada em torno do memorial das castanheiras.
ANEL com camponeses


A participação da ANEL põem em pratica a aliança camponesa estudantil em prol de uma reforma agrária popular. Viva a Luta Camponesa! 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nota de repúdio à MP 520/2010 sobre os Hospitais Universitários

“… O que tenho para dizer à Universidade (..)? 

Tenho que dizer que se pinte de negro,

que se pinte de mulato, não só entre os alunos,
mas também entre os professores,
que se pinte de operários e de camponeses,
que se pinte de povo,
porque a Universidade não é patrimônio de ninguém
e pertence ao povo…” 
Ernesto Che Guevara

Em seu penúltimo dia de mandato e em meio às festividades de fim de ano, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou uma medida provisória criando a “Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares” (EBSERH), a MP 520/10. A criação desta ocorreu com o argumento de resolver os problemas na contratação de profissionais para os hospitais, visto que boa parte das contratações é realizada por intermédio das Fundações de Apoio à Universidade, totalizando mais de 26 mil profissionais terceirizados, o que é considerado ilegal pelo Tribunal de Contas da União. 


É dever do Estado a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar e laboratorial à comunidade, no entanto, com a MP 520/10 esta responsabilidade é transferida para a iniciativa privada. A ofensiva não vem de agora. Em seus oito anos de governo, Lula nada mais fez do que dar continuidade às políticas neoliberais dos governos FHC/Collor, aumentando apenas a eficiência em driblar a resistência dos movimentos sociais, através, dentre outros, do uso excessivo de Medidas Provisórias, Decretos Presidenciais. Exemplo disso é a criação de Fundações Estatais do Direito Privado (FEDP), que se deu em 2007 por meio do projeto de lei complementar (PLP) 92/07. Tal projeto propôs que as nove áreas do serviço público, entre elas a Saúde, fossem geridas por fundações privadas.


De acordo com este projeto, as novas Fundações terão autonomia financeira, de gestão pessoal, gerencial e orçamentária, isto é, os recursos das fundações não transitarão pelo orçamento da União, o que possibilita uma ampla liberdade para captação de recursos, terceirização de atividades, contratação e demissão de trabalhadores por regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), compra e venda de toda sorte de serviço, indiscriminadamente. Além disso, o que elas arrecadarem poderá ser usado de acordo com seus próprios critérios, sem precisar do aval do Tesouro Nacional. 


Esse projeto foi criado usando-se do argumento de que, adquirindo os moldes do setor privado e a lógica de mercado, os serviços passariam a ser ágeis e eficientes, possibilitando ao Estado concorrer com o setor privado. Na verdade, esta foi mais uma tentativa do Estado em consolidar um “Estado Mínimo” para a população e um “Estado Máximo” para as classes dominantes, através da transferência de recursos públicos para alimentar o setor privado. 


Sabe-se que o modelo assistencial do SUS deveria ser integral, universal e de qualidade e, sendo assim, os profissionais não deveriam se submeter aos interesses da lógica do mercado. Esse modelo está ameaçado pela implantação da EBSERH. Dessa nova relação de trabalho, colocada pela bMP, surge um servidor mais vulnerável às pressões dos dirigentes políticos. O servidor terá seu regime de trabalho regido pela CLT, o que implica perda de direitos e estabilidade no emprego, além de submissão a metas de produtividade – característica que tende a precarizar, ainda mais, o trabalho dos profissionais da área da saúde.


Mais que uma forma de conter a mobilização sindical, essa medida cria duas categorias de profissionais dentro de uma única instituição, os públicos e os privados, onde os últimos podem ser contratados por tempo determinado, trazendo ainda como conseqüência a competitividade entre os mesmos, o que precariza o trabalho. Essa MP também é uma tentativa de conter a organização dos trabalhadores, fazendo com que eles fiquem sempre à mercê das vontades dos gestores. 


A relação entre a MP e a Universidade também é complexa e diversificada regionalmente. Começa no desrespeito à autonomia universitária, na desvinculação, por meio de medida provisória, dos hospitais às universidades. Sobretudo, na atribuição dada pelo Estado ao setor privado para desenvolver ações que lhe são constitucionais. Os hospitais universitários são unidades acadêmicas e são indissociáveis da sua atuação no ensino, pesquisa, extensão e assistência. 


A saúde e a educação pública brasileira são um bem público e não devem ser mercantilizadas. A MP ainda implica que a empresa será constituída com móveis e imóveis que historicamente foram sendo acumulados com o dinheiro da classe trabalhadora. Analisando as conseqüências que a MP 520/10 tem para a sociedade, vemos claramente qual o comprometimento que o Estado tem com a educação e a saúde pública brasileira. Este cenário complexo e confuso provoca os estudantes, trabalhadores e população a dizer NÃO a essa empresa pública de caráter privado que nada mais é que um mecanismo de privatização da Saúde. 


Diante do exposto, o posicionamento público manifesto pelas entidades que abaixo assinam, articuladas no Fórum Nacional das Executivas e Federações de Curso (FENEX) é em repúdio à Medida Provisória nº 520/2010. Convocando os CAs/DAs e estudantes a participarem dos debates e mobilizações em suas localidades na perspectiva da defesa de um Sistema de Saúde e de uma Educação 100% estatais e públicos, universais, gratuitos, de qualidade e controlados pela população. 


13 de fevereiro de 2011


Assinam este manifesto: 


* ASSEMBLÉIA NACIONAL DOS ESTUDANTES - LIVRE 

* EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 

* EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM
* EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL 
* COORDENAÇÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE PSICOLOGIA 
* EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA 
* EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE BIOLOGIA 
* ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES DE FILOSOFIA 
* EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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